Projeto de residência artística com oficinas e criação de vídeos sobre Rio de Contas

Premiado no edital Prêmio Interações Estéticas, Residências artísticas em Pontos de Cultura 2010 da Funarte, o projeto Rio de Contas Imaginária conta com oficinas teóricas e práticas de vídeo além da realização de trabalhos artísticos entre a proponente Gláucia Soares e o grupo de jovens do programa Agente Escola Viva (Colégio Carlos Souto) do Ponto de Cultura Ciranda de Bonecos em Rio de Contas.


sexta-feira, 17 de junho de 2011

9o encontro: 17/06/11 – Cineclube: Cidade-cinema “Baraka”: Ron Fricke, 1992, EUA, 96 min

Baraka, uma antiga palavra Sufi que pode ser traduzida simplesmente por bênção (blessing), por respirar (breath), por essência da vida, é um poema visual, um filme sobre o mundo e o que há de espiritual e doentio nele, os contrastes das diferentes culturas e as semelhanças que elas têm na sua angústia e esperança na busca por Deus e na sua relação com a natureza.
Filmado em 1992, em 23 países (Argentina, Brasil, Camboja, China, Equador, Egito, França, Hong Kong, Índia, Indonésia, Irã, Israel, Itália, Japão, Quênia, Kuweit, Nepal, Polônia, Arábia Saudita, Tanzânia, Tailândia, Turquia e EUA) Baraka pode ser considerado, de certa forma, um documentário experimental, já que não possui narração ou diálogos, apenas imagens, que incluem um vasto registro de rituais religiosos, maravilhas naturais, processos de mecanização e diversos estilos de vida e a música, fundamental para a criação da atmosfera envolvente e mística do filme.
Segundo os críticos, Baraka é um filme que, de modo não-verbal e não-linear, discute o sagrado e o humano; a ordem natural e a entropia; a santidade e o materialismo. Portanto, é um filme dialético, totalmente dependente da percepção e interpretação do espectador. Não importa quem você seja ou onde viva: você também está em Baraka.
É como se Deus resolvesse traçar um paralelo rápido entre as coisas mais diferentes que criou, passando por todo o mundo e se debruçasse sobre a Terra, olhando tanto as coisas boas como as ruins, mas sem julgar nada. Mesmo as guerras são poéticas em Baraka. São parte da vida e, como várias outras coisas mostradas no filme, devem ser repensadas.
A espiritualidade é latente no filme inteiro. De acordo com a Antropologia, o aumento da capacidade cerebral fez com que o homem formulasse questões mais complexas, dentre elas de onde viemos e para onde vamos. A busca pela resposta levou diversas culturas diferentes a admitirem a existência de um ser superior, um Deus. Em Baraka, é como se de repente todas as culturas resolvessem mostrar qual o seu Deus, sendo que o ocidente é responsável por algumas das imagens mais tristes e chocantes do filme. Na sua negação de um Deus primitivo que é objeto de cultos e sacrifícios, o ocidente cultua a mecanização, a ciência, colocando em segundo plano a humanidade, no sentido da compaixão. Esse é o significado da cena dos pintinhos dentro da máquina, o mesmo significado das cenas de guerra: nenhum.
Baraka é um filme sobre a vida, um registro da humanidade que propõe não uma aceitação do que somos, mas a reflexão de que estarmos acostumados com alguma coisa não quer dizer que ela seja correta, assim como algo de outra cultura nos chocar não significa que seja algo ruim ou bárbaro.  É para quem está de saco cheio de filmes com muito efeito especial e pouco conteúdo, e da previsibilidade dos roteiros básicos e rasos do tipo mocinha conhece mocinho, dificuldades os separam, mocinhos sofrem, mas ficam juntos no final.
(http://notrombone.wordpress.com/2007/09/03/baraka-um-poema-visual/)

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